O cinema somos nós e nós somos cinema
Comecei 'Goodbye, Dragon Inn' em um completo estado de desconforto, sentia como se estivesse espiando por debaixo da porta algo que não deveria ver. Mas, antes que pudesse perceber, o filme me trouxe um poço de calmaria e eu já fazia parte daquilo tudo mesmo sem saber.Um filme em que pouco se fala, mas muito se diz. O ritmo das pessoas nos espaços é o coração pulsante do cinema. Cada passo, respiração, mastigação ou resquício de som vindo do cinema nos traz a ideia de um organismo vivo, de um corpo em funcionamento. Um corpo que está sempre lá e não nos abandona em nenhum momento do filme. Um corpo que existe mesmo que ninguém mais lembre do que um dia já foi, porque alguém permanece ali. Um corpo igual porém sempre diferente.
A maneira como o filme conecta os trechos de falas do Dragon Inn (1967) em exibição com as cenas do cinema me tocou profundamente e foi aí que refleti sobre a vida e como tudo sempre é um fluxo. Um constante estar, viver e lembrar. Nós vivemos desse ciclo e o cinema também.
Pra mim, essa é uma história sobre o cinema, sobre pessoas, sobre a vida, sobre memória e também sobre nada. E que história linda.
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